"Gostaria de vos falar hoje acerca das questões
periféricas do trabalho essencial. O trabalho essencial é a ampliação da vossa
consciência, através do incremento da vibração global do ser, começando pelas
células. Isso faz-se através da purificação das várias vertentes da vida,
treinando a aceitação incondicional do que vos acontece, e criando o hábito de
considerarem todas as experiências como a matéria-prima da vossa ascensão. Ou
seja, o trabalho essencial é a vossa sintonia com as novas frequências da
Terra. No entanto, muitos outros factores, alguns extremamente aliciantes,
podem despertar a vossa curiosidade, fazendo-vos perder tempo e energia. Vou
procurar abordar alguns deles.
Genericamente, esses factores de distracção/perda de tempo prendem-se com determinados tipos de contactos com os planos extradimensionais. Por exemplo, não vos deve interessar quem canalizou a informação considerada útil. Como já foi sobejamente referido, não interessa o nome do pássaro, interessa a beleza e a harmonia do canto do pássaro. Esse é, talvez, um dos aspectos a que a curiosidade mais se prende. Será que querer saber a designação terrena do canal emissor vos ajuda a criar uma ligação com os planos extra-físicos. Essa ligação, porém, não se cria dessa forma; cria-se através da ressonância vibracional. Querer saber que «entidade» canalizou determinada informação, é quase como desejar o retrato do ídolo pessoal autografado. Ora, esta postura é uma criancice, típica dos primeiros patamares do desenvolvimento espiritual. Alguém poderá dizer que esse processo cria uma «cumplicidade» com a «entidade»; na verdade, porém, trata-se apenas de um processo identificação artificial, já que a maioria atribui mais importância ao nome de quem canalizou a informação, do que à aplicação do foi canalizado. Muitos gostam de ter um arquivo com as canalizações, mas, depois, ligam pouca importância às sugestões, aos desafios e às advertências contidas nesses textos. Certos humanos tendem a dar mais valor à informação e aos conceitos contidos num texto canalizado, do que ouvi-los da boca de um amigo pleno de bom senso. Parece haver uma espécie de orgulho por terem um papel assinado por uma «entidade espiritual». Isto não tem, é claro, nem pés nem cabeça.
O mesmo se passa em relação à origem, à natureza, à constituição e ao aspecto dos vossos guias/mentores espirituais - aqueles que compõem o vosso Grupo de Apoio, se quiserem chamar-lhe assim. Mais uma vez o raciocínio é o mesmo. Qual o interesse em saber como se chamam os vossos guias, de que civilização provêm, se são «anjos», Et’s, ou outra coisa qualquer, se, depois, não lhes dão ouvidos? Será só para poderem dizer que contactam com os vossos guias? Investigar a natureza, a constituição, o aspecto e a proveniência deles é outro dreno energético no vosso sistema. A concentração deve estar, pois, no que têm a fazer e na forma como têm de o fazer; o resto do tempo e da energia é para desfrutarem a vida.
O esforço deve ir no sentido de concentrar a energia disponível no essencial, em vez de se perderem em questões periféricas sem qualquer interesse. Os vossos guias, por exemplo não rejeitam o nome que lhes derem. Pode ser, até, o nome do gato que desapareceu ou morreu atropelado. Tanto faz. Nós não estamos aqui para ser reconhecidos pelos nossos nomes, até porque eles são impronunciáveis em todos os idiomas humanos. Logo, qualquer designação pode ser usada. De que vos serve sentir orgulho de ter um rouxinol lá em casa, se, depois, não atentam nem desfrutam do seu canto? Prestem atenção, por conseguinte, ao que pode purgar a vossa energia. O trabalho essencial não deve ser contaminado por actividades promovidas pelo que, na vossa estrutura, precisa de ser reciclado.
Se, por exemplo, vos parece que o trabalho em grupo é mais forte, porque se gera uma vibração mais intensa quando vários se juntam, não se esqueçam que o que se passa entre os elementos desse grupo, depois de ter acabado a meditação, pode deitar por terra a energia gerada durante o trabalho. Os verdadeiros discípulos entram em silêncio, fazem o seu trabalho em silêncio e despedem-se em silêncio até à próxima oportunidade; não tomam chá nem comem bolos, a seguir ao trabalho, enquanto comentam a vida dos outros, ou o que lhes aconteceu durante a semana. Um Trabalhador da Luz, um Aspirante à Ascensão, ou lá como vos queiram chamar, não traz para a pureza da vibração, gerada em grupo, as irregularidades e as baixas vibrações dos assuntos do seu quotidiano. Nada disso é para ser debatido depois de um sessão de trabalho, entre dentadas no bolo e goladas de chá. O trabalho essencial requer discrição e silêncio.
Não falo, reparem bem, de modéstia e de humildade, porque no actual nível de desenvolvimento da humanidade, modéstia e de humildade não passam de hipocrisias. Os «mansos» não são modestos nem humildes; são extremamente poderosos e discretos, em quietude e em silêncio. Não mostram os «galões» nos ombros empinados! Os «mansos» não são os parvos; são os que têm o coração em paz e, por isso, vivem em serenidade. Ora, um coração em paz não faz alarde de coisa nenhuma; tem apenas de se manter em paz. Nem há, sequer, lugar à troca de impressões acerca de como se devem sentir em paz uns com os outros. Quem está em paz, verdadeiramente, reconhece, no meio de muitos, aquele que está em paz. E se reconhece que muitos não estão em paz, ele permanece em paz. O desvario não lhe diz respeito. Reparem: quem está em desvario é incapaz de aproveitar a paz daquele que está em paz. Até que fique em paz, há que esperar, na esperança que invista no seu trabalho interno.
O título desta comunicação é «O Trabalho Essencial». E o trabalho essencial tem a natureza de um laser porque vocês têm de concentrar a vossa luz num ponto; têm de se tornar em Luz condensada num ponto; têm de deixar de ser lâmpadas que mal alumiam, dispersando a pouca luz em todas as direcções. Nada disto, porém, tem a ver com ascetismo. Ninguém está a dizer para se transformarem em anacoretas, refugiados nas grutas das montanhas ou nos nichos das florestas, para beneficiarem das emanações celestes e terrestres. Eu apenas estou a sugerir que sejam seres humanos comuns, concentrados num objectivo único, sobre o qual não têm de falar com ninguém. E se acharem que têm de responder às perguntas que vos fazem sobre esse tema, façam o favor se ser comedidos. Eu não estou a pedir-vos para ingressarem num convento; estou a pedir que amadureçam.
Já foi dito sobejas vezes que um verdadeiro discípulo
não quer nada; está apenas disponível. Em última análise, não quer, inclusive,
ser Luz. O verdadeiro discípulo, que sabe que é Luz, só tem de investir na sua
purificação até ser capaz de demonstrar, claramente, a sua verdadeira natureza.
Ele não tem de querer nada. Um curador, por exemplo, não tem de querer curar;
se essa for a sua natureza, tem de se disponibilizar para adquirir as condições
(vibracionais e não técnicas) que lhe permitam curar.
Os seres humanos confundem as coisas e complicam demais. Acham que têm de ter a parte de leão na sua própria preparação. Empreendem coisas demasiadas e fazem muito ruído. Militam muito, cegamente. Vivem obcecados pela ascensão, mas, muitas vezes, a forma como se comportam fora do contexto «espiritual», coloca-os a quilómetros da vibração correspondente à ascensão.
O trabalho essencial resume-se, pois, a dois
conceitos: disponibilidade e entrega.
Muito obrigado."
Canalização de Vitorino de Sousa
Foto minha em Dornes
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